Mudando os Pequenos Mundos




FAROL DA SERRA, UMA CIDADE DE CONTRASTES





A Cidade de Farol da Serra é descrita como uma cidade do sudeste brasileiro fundada por imigrantes japoneses, com clima serrano, uma área rural fértil, calma e tranquila. Uma típica cidade do interior, com uma estação de trem com pouco movimento, muitas praças e sem conflitos aparentes. Farol da Serra é um nome de contrastes, mas o farol tem a ver com a história da cidade. Segundo dizem, existia um velho farol, construído pelo fundador da cidade e fixado no alto da serra, para que sua luz pudesse atrair outros imigrantes que estivessem em busca de um lar. A história do farol é sinistra e liga a cidade a uma antiga maldição. A história da fundação de Farol da Serra envolve segredos e até um assassinato. O farol jaz em ruínas e com inscrições enigmáticas. O grupo que fundou Farol da Serra era formado por famílias de imigrantes japoneses. Estas famílias eram: Satou, Matsumoto, Ishikawa, Yoshida, Kimura, Otokama, Hayashi e Shimizu. Elas representavam o poder na cidade. Matsumoto e Ishikawa dividiam esse poder absoluto há anos, sem dividi-lo com mais ninguém. O tradicionalismo das famílias fundadoras era tanto que acabou fechando a cidade para os visitantes. Era uma cidade isolada, onde apenas as Famílias Fundadoras podiam ditar as regras. Esse tradicionalismo era mais forte no seio das famílias rurais: Kimura e Otokama. Existia uma seita formada pelos membros das principais famílias desde a sua fundação. Era através do Clube que o poder era mantido, assim como certos rituais macabros. Após anos de um desaparecimento prolongado, o Mestre do Clube ressurge pregando mudanças e a necessidade de um novo pacto. Em Farol da Serra, a arte é vista de forma marginalizada, pois é bastante conhecido o seu poder para defender ideologias que são contrárias ao que pensam as Famílias Fundadoras. Dessa forma, fazer arte na cidade equivale-se a cometer um crime. A maldição que paira sobre a cidade desde a sua fundação faz com que eventos passem a se repetir com os descendentes das primeiras famílias. Para evitar que esse ciclo continue, um grupo de amigas, cujas vidas estão sendo atingidas pela maldição, se unem para tentar evitá-la, ainda que isso custe suas vidas e segredos que elas não gostariam de conhecer.

 



FAMÍLIAS FUNDADORAS




As famílias fundadoras eram: Kimura, Otokama, Matsumoto, Ishikawa, Shimizu, Hayashi, Satou e Yoshida. Seus membros estavam unidos na ocasião da fundação da cidade. No início havia um projeto sólido de crescimento, mas alguns membros almejaram o poder. Após acontecimentos violentos, o poder passou a ser a meta principal das famílias fundadoras de Farol da Serra, e mantê-lo era o seu objetivo. As famílias fundadoras prezavam duas coisas: a pureza do sangue e a tradição. No entanto, das famílias da lista, apenas quatro famílias seguiram com esses objetivos: Kimura, Otokama, Matsumoto e Ishikawa. Estas prezavam, além das duas coisas anteriormente citadas, o poder absoluto sobre a cidade. Quando os desentendimentos entre as famílias fundadoras começaram, algumas foram sendo excluídas ou simplesmente foram “apagadas do mapa”. Para promover o crescimento econômico da cidade, foram feitas alianças com outras famílias japonesas de comerciantes ricos, mas que não faziam parte das famílias fundadoras e, portanto, desconheciam sua história inicial. Ser parte de uma das famílias fundadoras poderia significar um status elevado, mas isso dependeria muito de qual família seria. Havia aquelas cujo status era honrado, mas outras foram marginalizadas e seus descendentes eram obrigados a viver à margem da sociedade. O Clube, uma seita que esteve presente na fundação da cidade e seduziu seus principais membros, retorna ao cenário com o objetivo de restaurar a glória perdida das oito famílias. Para isso era preciso invocar um antigo ritual cujo desfecho poderia ser trágico. Apesar de falarem em honra e ética, as famílias fundadoras tinham suas falhas. As muitas escapadas dos patriarcas das famílias, principalmente dos Kimura, levaram ao crescimento de crianças bastardas que não eram aceitas pelo Clube. Para escondê-las da sociedade, eram levadas ao Orfanato, onde cresciam sem nome e sem memória. Um pacto foi feito entre as famílias fundadoras e o Clube. O seu objetivo era garantir o poder contínuo sobre a cidade. Esse pacto repousava em um segredo bem escondido, conhecido apenas pelos membros que cultivavam a tradição de seus ancestrais.



OS KIMURA E A TRADIÇÃO



Os Kimura são grandes fazendeiros, dominando completamente o agronegócio de Farol da Serra ao lado dos Otokama. Como uma das Famílias Fundadoras, esse poder sobre o campo foi garantido desde a fundação da cidade. A família Kimura é considerada uma das mais zelosas pelas tradições. O seu zelo chega a ser quase doentio, assim como a submissão às regras impostas pelo Clube. João Kimura é rígido no que toca ao nome da família, mas sua esposa Nicole Kimura beira ao fanatismo. Orgulhosos e tradicionalistas, os Kimura exercem um verdadeiro temor até mesmo entre seus familiares. O filho Carlos Kimura saiu de casa para fugir do rigor da tradição, e a filha dele Beatriz Kimura se vê obrigada a confrontá-la de frente. A aliança com os Otokama, a outra família de poder sobre o meio rural, serve para fortalecer o poder e o nome de ambas. Sofia Otokama é fruto dessa aliança, trazendo em si o sangue das duas famílias e desconhecendo as implicações que isso trará à sua vida. O primeiro Kimura era um boêmio e teve vários casos extraconjugais, gerando uma grande prole de Kimuras não reconhecidos. Um ramo da família se manteve puro e ligado às tradições, mas outro se desenvolveu fora do seu conhecimento e sem peso em seu sobrenome. Famílias que abandonaram Farol da Serra ou que passaram a viver na parte pobre da cidade, como a família de Sílvia Kimura. Um mistério a ser resolvido é a estranha Oferta dos Kimura, registrada em um antigo dossiê sobre o Clube. O que seria essa oferta e o que ela poderia representar? O que se sabe é que essa oferta abriria uma cerimônia importante e marcaria uma nova era para o Clube na sua tentativa de restaurar o antigo poder.



O CLUBE



O Clube é uma sociedade secreta criada na época da fundação da cidade. Ela começou com a intenção de manter as famílias unidas no desejo de fazer a cidade crescer e prosperar, mas logo se tornou um culto cheio de regras estranhas em volta da figura de seu principal sacerdote. As famílias fundadoras faziam parte do clube, mas nem todas aceitaram as regras impostas, tornando-se marginalizadas. Aqueles que permaneceram fiéis ao Clube foram os Kimura, os Otokama, os Matsumoto e os Ishikawa, a verdadeira elite de Farol da Serra. O Clube costumava agir, desde a sua fundação, através de atitudes intimidadoras até para com os próprios membros, gerando o medo e o temor de uma retaliação que tivesse como resultado o banimento daquela família. Todos eram obrigados a seguir as regras. Um apanhado de direitos e deveres que se deviam aos membros do Clube. Entre estas regras estava a fidelidade incondicional das famílias para que houvesse a manutenção do poder, a prestação de contas e o compromisso do pacto que levava em conta o que acontecia nos rituais. As reuniões aconteciam periodicamente na área rural. Fosse na fazenda dos Kimura ou na fazenda dos Otokama, por serem lugares mais reservados. Com a ausência do Mestre por longos anos, as reuniões deixaram de acontecer de forma pomposa, mas os Kimura continuavam a se encontrar semanalmente com os Otokama. Os membros do Clube eram ligados entre si por um pacto de sangue. Esse pacto, como uma maldição, acabou afetando sua própria linhagem, envolvendo as atuais descendentes de cada família envolvida. Eduardo Ikeda era o atual Mestre do Clube, que retorna após longos anos de ausência com o firme propósito de inaugurar uma nova era de prosperidade e poder, com a presença do Clube operando por trás de uma forma mais ativa. Ele tinha uma visão esotérica e fanática sobre os rituais e o pacto como formas de consolidar o poder. Os rituais eram secretos e violentos, envolvendo dois eventos. A Oferta dos Kimura e a Prova das Escolhidas. Ambos os eventos eram levados a efeito sob o mais rígido segredo. Envolviam práticas antigas e cruéis. A família Yoshida teve o nome banido da história da cidade e a casa queimada por ter se levantado contra o Clube. Secretamente, porém, o membro fundador dessa família iniciou um dossiê em que registrara as práticas secretas do Clube e suas intenções. Este Dossiê foi guardado em uma pasta e escondido, para ser achado no devido tempo pela atual descendente da família.



 O OCULTISMO DOS OTOKAMA



Os Otokama exerciam o poder compartilhado com os Kimura para manter o domínio sobre a área rural de Farol da Serra. O status que tal poder concedia estava no fato de que essas duas famílias sempre foram as mais fieis nos propósitos do Clube. Os Otokama escondiam segredos obscuros. Foi a família que mais mergulhou no ocultismo, trazendo à tona conhecimentos que ultrapassavam até mesmo os ensinamentos do Clube. Eles queriam o poder e se embriagavam com ele. Uma história sinistra cercava o velho moinho dos Kimura, o que levava a crer que algo mais sinistro ainda estava para acontecer no novo moinho construído pelos Otokama, erguido para comemorar uma nova era no pacto das famílias fundadoras. Jorge e Renata Otokama formavam um casal tão assustador que até mesmo a neta que levava o nome da família preferiu morar com os Kimura por achá-los sombrios demais. Era um casal que almejava o poder e o conhecimento oculto, sendo fieis servos do Clube e estando sempre dispostos a trabalhar pela manutenção do antigo pacto. Na fundação de Farol da Serra houve um ritual que serviu para proporcionar o poder a cada Família Fundadora que se manteve fiel ao Clube. Esse ritual havia sido esquecido, mas com a volta do Mestre, ele seria refeito para inaugurar uma nova era de prosperidade e poder. E cabia aos Otokama preparar o terreno para a realização desse evento. Sofia preferia não ter nascido com esse sobrenome. Sempre teve medo dos avós paternos, preferindo morar com os avós maternos, os Kimura. No entanto, ela desconhecia o papel que era reservado a ela no novo pacto que seria feito entre as famílias. Ser uma portadora dos dois sangues era um “privilégio” que ela não compreendia. Os Otokama, junto com os Kimura, os Matsumoto e os Ishikawa, fazia parte do grupo de famílias participantes do Primeiro Pacto. Esse pacto exigia um juramento de fidelidade e uma obediência cega às regras do Clube. Aqueles que as descumprissem poderiam ser punidos com o desprezo ou até a morte.


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