Autor, qual é a sua voz?
Na minha visão de autora de fantasia e
aventura, o autor é um criador de mundos, ele contém um conhecimento detalhado
de sua própria criação (geografia, leis, idiomas, história, personagens), cabe
a ele agora descobrir como apresentar esse mundo ao leitor. De criador de
mundos ele passará automaticamente a ser um contador de histórias. Mas de que
forma ele fará isso?
O autor pode escolher contar a história
usando a primeira pessoa do infinitivo como sua voz, assumindo assim a
personalidade de um determinado personagem, geralmente o principal. Fazendo
isso, a história passa a ser contada de acordo com a visão daquela
pessoa/personagem. Mas ele também pode alternar os pontos de vista usando a
mesma voz para assumir uma personalidade e depois outra, e assim poder contar a
história por vários ângulos. Ou ele pode usar essa voz para contar a história
“de fora” como um narrador que age como testemunha dos fatos. Na saga de livros
Crepúsculo, a maior parte da narrativa é feita por Bella Swan, mas em um dos
livros, o personagem Jacob Black também passa a falar, mostrando assim o
contexto dos lobos. Recentemente a autora lançou um novo livro escrito de
acordo com a visão do personagem Edward Cullen. Dessa forma, Stephanie Meyers
consegue abordar diversos pontos de vista usando a primeira pessoa ou sendo o
"Narrador Personagem".
Existem também aqueles autores que
preferem usar a narrativa em terceira pessoa, adquirindo poderes “oniscientes”,
conhecendo desde o funcionamento de todo o mundo que criou até os pensamentos
mais íntimos dos personagens. Vale ressaltar que esse tipo de narrativa também
pode espelhar o ponto de vista de um determinado personagem, que terá o foco
narrativo sobre ele. Por falar em autor onisciente, um bom exemplo é a obra
Dragões de Éter, de Raphael Dracon, onde ele narra a história de uma forma
magistral, conduzindo personagens e leitores a uma interação com a aventura,
colocando-se inclusive como o semideus daquele mundo criado por ele.
No meu caso, eu me sinto confortável
trabalhando a minha voz como “autora onisciente”, pois gosto de trabalhar com
muitos personagens, desenvolvê-los aos poucos e espalhá-los por diferentes
lugares durante a história. Minhas tramas são complexas e cheias de
reviravoltas, sinto que uma narrativa em primeira pessoa me prenderia a um
personagem específico e ao lugar onde ele estivesse. Mas isso é algo que vai
depender do autor, pois a sua voz é única.
A narrativa em primeira pessoa
possibilita uma maior exploração das emoções, criando um vínculo mais forte
entre autor e personagem, mas não é de muita ajuda quando se tem um “elenco”
grande e variado que se locomove por todo o mapa que você criou (essa é uma
opinião pessoal). Escrevo fantasia e aventura com mistério, então tenho a
tendência de imaginar a história como um filme onde eu sigo os personagens com
uma câmera. Uma hora eu cubro uma cena, depois passo para outra. Vou deixando
as “cenas” fluírem livremente enquanto escrevo, e isso dá ao ator/personagem a
liberdade de tomar atitudes que eu não havia programado.
A verdade é que não importa qual seja a
voz escolhida pelo autor, o que importa é que ele chegue com ela ao coração do
leitor e o cative página por página.
Aqui abaixo estão as capas dos livros
que citei no texto.
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