O que a literatura fantástica tem a oferecer?


 

Um pensamento comum é achar que quem lê livros de literatura fantástica, irá se tornar uma pessoa alienada das realidades do mundo, mas isso não é verdade. O fantástico traz uma nova possibilidade de ver o mundo através de conceitos e valores que estão se perdendo, como heroísmo, honra, amizade, lealdade, coragem, moralidade, determinação. A fantasia traz à tona figuras que estão enraizadas em nossos mitos mais antigos, como a Jornada do Herói, amplamente desenvolvida por Joseph Campbell em seu livro O Herói de Mil Faces. Então, a existência de heróis, de um mundo onde o bem pode ser algo alcançado com sacrifícios, são temas subjetivos que levam muitos jovens e adultos à reflexão. Chega de achar que é literatura de alienado.

Em primeiro lugar, algumas definições sobre o fantástico. Segundo Tzvetan Todorov em seu livro Introdução à Literatura Fantástica, “o fantástico é a vacilação experimentada por um ser que não conhece mais que as leis naturais, frente a um acontecimento aparentemente sobrenatural”; em Le Conte Fantastique en France, Pierre Georges Castex afirma que “o fantástico se caracteriza por uma intrusão brutal do mistério no marco da vida real”; Louis Vax, em Arte e a Literatura Fantástica diz que “o relato fantástico nos apresenta em geral a homens que, como nós, habitam o mundo real, mas que de repente encontram-se ante o inexplicável”; Roger Callois, em Aur Couer du Fantastique, afirma que “todo o fantástico é uma ruptura da ordem reconhecida, uma irrupção do inadmissível no seio da inalterável legalidade cotidiana. Então, o que o mundo real tem a ver com a literatura fantástica? Seria ela uma forma de alienação ou uma maneira peculiar de ler o mundo?

Experiências que levaram à criação de mundos fantásticos fazem parte da vivência do autor e, portanto, partem do real, não é algo meramente criado por um ser alienado. E é sobre essa vivência, colocada de forma figurada, que deve ser feita a reflexão. Esta, por vezes, pode ter um significado diferente para cada um, pois o símbolo não tem necessariamente um significado estático, mas varia conforme é lido e absorvido.

Citei aqui o livro Introdução á Literatura Fantástica, de Tzvetan Todorov, e é ele que vou indicar no post de hoje. Um excelente livro para quem está começando a escrever esse gênero e quer se aprofundar mais no tema.

 


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