Para onde foram as ideias?

 

Já falei aqui sobre o momento de branco total que acomete os autores em certos períodos. Ficamos como náufragos tentando agarrar um pedaço de ideia para não afundarmos. Não dá para dizer por que isso acontece. Se é pela falta de estímulo e valorização que nossa arte merece, se é por causa de problemas pessoais ou se é a junção dos dois. Mas mesmo desestimulados e cansados, um autor nunca deixará sua essência de lado. Ela pode ficar adormecida e inoperante, mas aquela luzinha que tem lá dentro de nossas cabeças acende e tudo volta a se iluminar.

É difícil quando essa falta de estímulo ou inspiração surge no meio de um trabalho. Já aconteceu comigo, e posso dizer que isso tirava o meu sono, pois não afetava só a mim, mas a todos que acompanhavam minha história e que ficaram à deriva por mais de cinco anos. Havia também uma responsabilidade para com os personagens que criei, cujas histórias e lutas ansiavam por um fim. O autor de fantasia que cria mundos imaginários tem um dever. O dever de cuidar do mundo que criou. E eu me sentia em dívida com aqueles heróis e heroínas que falavam tanto ao meu coração.

Se você está começando agora, escrevendo seu primeiro livro, e sente dificuldade em ordenar as ideias ou em manter o estímulo, não se desespere. A luzinha está lá, dentro de você. Talvez ela precise ser sacudida um pouco, mas isso vai acontecer quando você encontrar algo que te ajude a pensar. Uma música. Um sonho. Uma cena de um filme. Uma frase solta. Uma poesia. Seja lá o que for, quando você encontrar a luz voltará a se acender e aí você estará pronto para voltar a escrever e iluminar a vida de outras pessoas.

Vou deixar como indicação de livro A Princesinha, de Frances Hodgson Burnett. Uma história que é conhecida por muitos através do filme. Quem conhece a história sabe que a imaginação da pequena Sarah Crewe era incrivelmente ativa. É até impossível imaginar que ela tivesse momentos de branco total. Então, para você se inspirar, essa é minha dica de hoje.