Quem gosta de romances de banca?
Por onde andam as bancas de revista? Elas estão sumindo na minha cidade, e na sua? Lembro-me de uma época em que em cada praça havia pelo menos duas bancas. Hoje elas estão concentradas apenas nas praças do centro da cidade. Por que estou levantando essa questão? Bem, talvez seja porque elas foram muito importantes para a minha formação de leitora compulsiva que futuramente iria se tornar uma autora também compulsiva.
As bancas de jornais e revistas, quando bem exploradas, revelam ser tão atraentes quanto os sebos. Falarei sobre os sebos em outro post. Com certeza, vocês já ouviram falar sobre o gênero “romances de banca”. Ele se refere a livros simples e de histórias curtas que eram feitos para se vender em bancas. Na sua maioria eram livros de séries românticas e tinham nomes femininos como Bianca, Sabrina e Júlia. Também podiam ser romances de época, e uma autora bastante popular nas bancas de jornal era Barbra Cartland, que escrevia sobre a nobreza britânica e era avó de Lady Di. Ela trazia inclusive muitos detalhes sobre a vida da nobreza da era vitoriana e suas histórias tinham sempre um pano de fundo histórico. Outra série muito conhecida era a de Romances Históricos, que sempre trazia tórridos romances ambientados em algum momento importante da história, independente da época e do lugar. O primeiro livro de banca que li foi da Barbra Cartland. Minha mãe fazia coleção e eu acabei me apaixonando pelas histórias cheias de castelos, nobres, carruagens e bailes. O público alvo desses romances que citei era claramente o feminino, mas o público masculino não ficava esquecido. Havia livros pequenos, de bolso, com séries sobre a guerra, terror e a mais famosa, sem dúvida, era a série Tex de faroeste. Meu pai gostava desses. Ainda guardo alguns de guerra do Leon Uris comigo.
Mas o que me atraía nas bancas de jornal, além de encontrar esses romances “viciantes”, era o de poder trocar aqueles que você comprava por outros mais antigos que ficavam guardados para esse fim. No final acontecia um pequeno escambo entre o jornaleiro e o cliente. Nasciam amizades, respeito e a banca ia se tornando um ambiente familiar. É claro que isso não acontecia nas bancas grandes, onde se vendem livros e revistas de todos os tipos, mas nas pequenas, que estão sumindo, desaparecendo aos poucos.
Sinto falta, pois foi um tempo que marcou a minha vida de leitora iniciante e de muitas outras pessoas, fazendo inclusive suas vidas mais emocionantes com aquelas histórias. Mas é interessante reforçar que, apesar de terem seu foco nas histórias de amor, as séries que retratavam outras épocas traziam muitas informações valiosas sobre o momento histórico abordado no enredo, então não podem ser considerados como livros sem conteúdo.
Vou deixar aqui como indicação um dos primeiros livros que li na vida. Não foi o primeiro, não consegui encontrá-lo, mas foi um dos primeiros, posso garantir. É da Barbra Cartland. Sião, o País dos Sorrisos. História ambientada na Índia, na época do imperialismo britânico. A capa está bem bonita, se modernizou, não parece a capa do meu tempo. Mas dá saudades.
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