Resenha 12 - O Homem e seus Símbolos

 

O Homem e seus Símbolos é uma obra de psicologia da qual Carl Gustav Jung participou e produziu poucos meses antes de sua morte (ocorrida em 1961), então ficou sob a responsabilidade de Marie-Louise Von Franz. Concebida com a intenção de levar o pensamento de Carl Jung ao grande público, a obra foi publicada pela primeira vez em 1964, posteriormente traduzida em várias línguas e regularmente reimpressa. A ideia para o Homem e seus Símbolos foi de Jung, sendo desenvolvida em etapas. O livro, que é  abundantemente ilustrado, é composto por cinco partes:

- Ensaio de exploração do inconsciente (CG Jung)

- Mitos primitivos e homem moderno ( Joseph L. Henderson (en) )

- O processo de individuação (Marie-Louise von Franz)

- Simbolismo nas artes plásticas (Aniéla Jaffé)

- Símbolos dentro de uma análise individual ( Jolande Jacobi ).

Jung termina seu capítulo apenas dez dias antes do início da doença que o levou à morte. Marie-Louise Von Franz fica com a responsabilidade de assumir a coordenação e redigir a conclusão.

É um trabalho enorme e incrível, não apenas de Jung, mas também de seus associados. Este livro foi destinado ao público em geral. Claro que não para quem não se interessa pelo tema. Mas para o público leigo, como eu, que fica fascinado pelos temas envolvendo a mente, os sonhos e a psicanálise, ele é perfeito. Sua linguagem não é rebuscada, sendo fácil de entender. Às vezes eu me sentia em uma sala de aula, com o professor prendendo a minha atenção com uma explicação superinteressante. Certa vez, Jung deu uma entrevista para a televisão britânica e um líder de uma editora de livros ficou impressionado com isso. Na verdade, ele estava convencido de que Jung deveria escrever um livro sobre como ele vê a mente humana, sobre suas ideias mais importantes de uma forma compreensível e interessante para o público não especializado. Se você já se interessou pela história da mente subconsciente, se alguma vez pensou que os sonhos são importantes, ou está apenas interessado em como as religiões de todo o mundo e as crenças estão relacionadas umas às outras e às nossas imagens subconscientes, não se apresse e leia este livro. É uma leitura agradável que vai fazer você pensar! 

Há uma quantidade esmagadora de dados sobre sua pesquisa sobre a consciência e sua conexão e como ela interage com a realidade, bem como a relação de cada indivíduo com sua própria mente inconsciente. São muitos os temas que são abordados. Os sonhos, por exemplo, são um tópico importante na psicologia de Jung. Ele propõe que os sonhos são a linguagem do inconsciente e que são fundamentais para se entender que a linguagem é uma chave crucial para curar a mente das formas de neurose e desvendar a totalidade do potencial da psique. Em seu estudo dos sonhos aparece o que ele chama de “arquétipos”, um oceano de inconsciência coletiva feito de símbolos inerentes a todo ser humano que formam uma espécie de realidade construída própria, que remonta aos humanos antigos e talvez até além ! Ele chega a essa visão através de mais de meia década de pesquisas sobre símbolos que aparecem nos sonhos de seus pacientes. Ele reconhece os arquétipos nos mitos ao longo da história da humanidade como aspectos da consciência humana expressos inconscientemente na forma de histórias e lendas. Para quem curte esse tema, é um deleite, eu garanto!

                   Outro aspecto de suas descobertas é o que ele chama de “perda da alma”, onde os humanos se desconectaram da natureza e residem em uma realidade desumanizada, onde todo o significado da vida foi retirado. Ajudar as pessoas a reconhecer e curar essa conexão cortada ou perdida parece ser um grande aspecto de seu trabalho. Isso se relaciona com o que ele chama de processo de “Individuação”, que pode ser definido como sendo a integração e unificação gradual do self através da resolução de sucessivas camadas de conflito psicológico. Cabe a Marie Louise Von Franz, sua principal discípula, a divagar sobre isso.

                 Este livro é rico em informações sobre a consciência humana, inconsciente e o que percebemos como realidade. É um daqueles livros que podem ser lidos muitas vezes ao longo dos anos e você continuaria encontrando pedaços de insights. É uma leitura realmente interessante e instigante para fazer você pensar muito sobre a existência e a percepção. Meu conhecimento de psicologia era muito mínimo antes de ler essa obra e sinto que ela abriu a minha mente para entender melhor todo esse processo do inconsciente e da ligação de símbolos arquétipos com os sonhos. 5 estrelas bem dadas para ele!