Os vampiros que rondam os livros


 

Ontem li mais uma crítica sobre Crepúsculo aludindo ao fato de Edward parecer mais uma fada do que um vampiro. Parece que ninguém engole o fato de ele brilhar ao sol em vez de se desintegrar. Muitos, porém, esquecem da liberdade poética da autora, e que Crepúsculo na verdade é uma história de amor com elementos fantásticos e não uma ode aos vampiros. Mas isso foi um estopim para trazer esse texto para vocês. Um tema, sem dúvidas, curioso e fascinante.

Em Drácula (1897), de Bram Stoker, a elegância do vampiro aristocrático pode ter nascido de uma preocupação que havia na época de vincular as imagens vampíricas com a política, a sociedade e a literatura. Embora possa parecer que o vampiro surgiu nessa época romântica da história, que foi a época vitoriana, o vampiro na verdade floresceu na Inglaterra a partir do século XVIII. Lorde Byron, por exemplo, vai situar as origens do vampiro nas tradições orais da Hungria e da Grécia e reafirma o seu orientalismo.

Até então o vampiro parecia um ser sedutor e aristocrático, inteligente e perspicaz. Mas essa imagem foi se degradando com passar do tempo. A mudança para o macabro não foi assintomática de uma mudança gradual, mas surgiu da incorporação dos medos e ansiedades de uma sociedade que queria desafiar todas as leis e limites do seu inconsciente, até chegar ao ponto de enfrentar seus pesadelos de frente. A história e a transformação da figura do vampiro ao longo dos séculos é um tópico colossal. Basta dizer que, quando o vampiro chegou à Inglaterra, a criatura parecia ser uma mistura de eslavos, escandinavos e gregos, mas logo foi evoluindo para um personagem sedutor que era quase exclusivamente demonizado e profundamente politizado. As mudanças, no entanto, começaram a proliferar.

Mas foi o Drácula de Bram Stoker, citado no início do texto, que nos trouxe os elementos mais conhecidos e popularizados sobre os vampiros. Para começar, ele se chama Drácula, vive em um castelo, não reflete sua imagem nos espelhos, suga o sangue humano, morre se tiver uma estaca enfiada no coração, pode se transformar em morcego ou lobo, e é caçado por um homem chamado Van Helsing. Esses detalhes do livro se popularizaram como lendas folclóricas, porque se valeu delas para ser criado. Então essa imagem já se tornou em várias versões. E vou mostrar algumas para vocês agora:


1.       Drácula



Drácula é um clássico da literatura de terror e apresenta por meio de cartas, diários e notícias os ataques do vampiro Conde Drácula a moradores de Londres e da Transilvânia. O romance epistolar (para entender o que é um romance epistolar, é só ler o texto desse blog chamado de Cartas e Diários) marcou o gênero e, mesmo não sendo a primeira obra a retratar esse mito literário, definiu o que conhecemos hoje como vampiro, influenciando a literatura, cinema e teatro. Esse livro inclusive serviu de inspiração para o filme Nosferatu, que introduz o vampiro mais feio de todos os tempos.


 2.       Entrevista com o Vampiro



A história de Anne Rice começa com a ousadia de um jovem repórter ao entrevistar Louis de Pointe du Lac nascido em 1766 que foi transformado em vampiro por Lestat, figura apaixonante que terminará ao longo da série arrebatando multidões como cantor de rock. O livro traz um mundo de fantasia impressionante com um ar gótico romântico criado por Anne Rice, que o faz ser sombrio na medida certa.

 

3.       Diários do Vampiro



Assim como Crepúsculo, o livro de L. J. Smith conta uma história de amor através do triângulo amoroso vivido por dois vampiros e uma humana. A história, no entanto, se popularizou também através da série de TV e de suas spinoffs. Diferente de Crepúsculo, ela traz um vampiro mais violento e sombrio.

 

4.       Crepúsculo




Os vampiros descritos por Stephenie Meyer são belos, atraentes, educados e possuem regras na convivência com os humanos. Eles podem sugar o sangue humano, mas também podem ser “vegetarianos”, vivendo do sangue de animais que caçam. Quando expostos à luz do sol, eles brilham. Foi realmente uma grande mudança para a figura original do vampiro criado no século XIX. Mas isso é literatura e a imaginação do autor não tem limites.

 

5.       O Historiador




Tenho uma paixão por esse livro de Elizabeth Kostova. Ele fala sobre o vampiro clássico por três vozes diferentes. A autora-personagem, o pai dela e o professor do pai. Cada um vai contando como iniciou a pesquisa em busca do vampiro ao descobrirem de forma misteriosa um estranho livro com nada escrito, a não ser a figura de um dragão com as asas abertas no meio dele. As pesquisas feitas em bibliotecas escuras, vilarejos da Europa Oriental e lugares sombrios marcam o clima assustador desse livro de final surpreendente e traz o clima de Bram Stoker de volta.

Espero que tenham gostado desse texto. Minhas indicações são cada um desses livros descritos. Cliquem nas imagens caso tenham interesse em adquirir algum. Se quiserem sugerir mais temas literários podem comentar aqui.


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