O que é a fórmula Dan Brown?


Dan Brown ficou conhecido mundialmente através do sucesso estrondoso do livro O Código Da Vinci. Mas apesar do polêmico livro ter arrastado uma legião de fãs, curiosos, admiradores e haters, não foi o primeiro a ser escrito sobre as aventuras do professor de simbologia Robert Langdon, um Indiana Jones acadêmico. O primeiro livro de Brown com Langdon como protagonista foi Anjos e Demônios, que veio a ser procurado por aqui somente após o sucesso de O Código da Vinci. Depois vieram O Símbolo Perdido, Inferno e o mais recente Origem, tem uma resenha sobre ele nesse blog. Cinco livros de sucesso que seguem algo comum entre eles. A fórmula de Dan Brown. O que seria essa fórmula?

Vamos pensar em um bolo, ou melhor, cinco bolos. Todos feitos em uma mesma forma e saindo com a mesma aparência. Mas o recheio e a cobertura podem variar, para diferenciar um pouco o que tem por baixo. Foi mais ou menos isso que Dan Brown fez. Ainda está difícil de entender?  Vou tentar explicar melhor.

Os livros de Brown sobre Robert Langdon seguem uma receita de sucesso que o autor não se preocupou em mudar. A fórmula começa com uma morte no prólogo, o que leva a um enigma ou mistério de grande importância. Em Anjos e Demônios, Leonardo Vetra, um cientista italiano, é encontrado morto em seu laboratório, dando início a uma corrida para recuperar um tubo roubado de antimatéria; em O Código Da Vinci, Jacques Sauniére é encontrado assassinado com pistas, levando à descoberta do Santo Graal, escrito em seu corpo. Esse padrão pode ser comprovado com Inferno de Brown, no qual Bertrand Zobrist pula de uma torre na Itália, deixando para trás um plano para liberar um vírus esterilizante. O Símbolo Perdido, no entanto, não segue esse padrão, mas nos primeiros capítulos a mão de Peter Solomon é deixada na rotunda do Capitólio com símbolos maçônicos tatuados em seus dedos; e encerrando temos Edmund Kisch em Origem, que é assassinado quanto está prestes a fazer uma revelação ao mundo em um evento ao vivo. A trama resultante nos romances de Brown também envolve sempre uma ou mais sociedades secretas, antigas e modernas.

Todos os romances de Brown estão relacionados à ciência de alguma forma. Anjos e Demônios é sobre os illuminati roubando um tubo de antimatéria que poderia explodir como uma bomba e causar inúmeras baixas se não for descoberto a tempo; O Código Da Vinci não se encaixa nesse padrão tão bem quanto nos outros, mas discute a proporção áurea como parte das pistas que levam ao Santo Graal; O Símbolo Perdido incorpora a ciência através da personagem Katherine Salomon, uma cientista noética, e suas pesquisas sobre o conceito vida após a morte e conceitos filosóficos; Inferno é sobre a crise de superpopulação e a criação de um vírus para tornar ⅓ da população infértil e Origem traz como tema principal a Inteligência Artificial e sua evolução. A política também é um assunto comum nos romances de Brown e, em muitos casos, esse assunto é incorporado pelas organizações secretas que inclui. Símbolo Perdido e Inferno incorporam a política através de vários governos e organizações ilícitas; Considerando que Anjos e Demônios e O Código Da Vinci incorporam sociedades secretas dentro da própria igreja.

Vou tentar agora enumerar todos os ingredientes desse “bolo” que consigo lembrar:


1.       A vítima.

Todos os livros começam com o corpo de alguém importante sendo encontrado, geralmente dentro de um lugar importante, e acionando o gatilho que moverá a história. A única exceção é no livro O Símbolo Perdido onde, no lugar de um corpo há uma mão decepada.

2.       A heroína.

Em todos os livros, a heroína que acompanha Robert Langdon durante a história, sempre tem ou teve alguma relação com a vítima. Filha, irmã, neta, colega de trabalho, amante.

3.       A caça ao tesouro.

Existe uma caça ao tesouro, embora nem sempre seja um tesouro literal. Na maioria das vezes é algo que pode abalar a humanidade ou destruí-la, como uma bomba, um vidro de antimatéria, o Santo Graal ou um símbolo que pode responder todas as dúvidas da humanidade.

4.       Organizações secretas.

Langdon sempre tem que burlar a concorrência de seitas e organizações que esperam chegar primeiro ao que ele procura ou simplesmente tentar impedi-lo de fazer isso. Os Iluminatti, o Priorado de Sião, a Opus Dei, terroristas biológicos, governos secretos e outras organizações.

5.       Obras de arte como pistas.

Podem ser quadros, estátuas, arquitetura, igrejas. No caminho, Langdon vai dando uma aula de história da arte e de simbolismo oculto que prende a atenção do leitor. Na minha opinião, ao tentar mudar isso em Origem, o livro perdeu um pouco o sabor. Dan Brown passou a destacar a arte moderna que não é uma especialidade de Langdon, e isso apagou a genialidade do protagonista.

6.       Um vilão improvável.

O vilão nunca é aquele que parece. Essa é uma jogada de Dan Brown que dá muito certo, visto que nos dá um elemento desconhecido que só será revelado no final. Nesse quesito O Símbolo Perdido foi nota dez em questão de surpresa. Não falarei mais sobre esse tema para não estragar a surpresa de quem vai ler.

7.       A decifração de símbolos e enigmas.

Esta, pelo menos para mim, constitui a parte mais gostosa. Dan Brown brinca com quebra-cabeças inseridos em obras de arte e com a decifração de símbolos antigos cujos significados vão sendo revelados por Langdon a cada livro.

Deixarei aqui a indicação dos cinco livros de Dan Brown sobre Robert Langdon. Se você quiser provar esse bolo, vale a pena. 





 

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