A Literatura de Cordel e a cultura popular
Literatura de cordel é um gênero literário característico da cultura popular e escrito frequentemente na forma rimada, tendo suas origens ligadas aos relatos orais que posteriormente vieram a ser impressos em folhetos. É muito comum, ou era, encontrá-los em bancas de revista, escritos por artistas que retratavam temas antigos e também atuais, sempre com um pouco de humor e sátira.
História
Na segunda metade do século XIX, aqui no Brasil, começaram as impressões de folhetos brasileiros, com seu formato e características próprios. Os temas incluem fatos do cotidiano, episódios históricos, lendas, temas religiosos, entre muitos outros. Alguns dos temas mais populares falam sobre as façanhas do cangaceiro Lampião e o suicídio do presidente Getúlio Vargas. Não há limite para a criação de temas dos cordéis. Praticamente todo e qualquer assunto pode virar cordel nas mãos de um poeta talentoso.
O cordel no Brasil
Aqui no Brasil, a literatura de cordel é uma produção típica do Nordeste, sobretudo nos estados de Pernambuco, da Paraíba, do Rio Grande do Norte, do Ceará e da Bahia. Os folhetos costumava ser vendidos em mercados e feiras pelos próprios autores. Hoje já aparecem em vários outros estados. O cordel hoje é vendido em feiras culturais, casas de cultura, livrarias e nas apresentações dos cordelistas.
Segundo Carlos Drummond de Andrade: "A poesia de cordel é uma das manifestações mais puras do espírito inventivo, do senso de humor e da capacidade crítica do povo brasileiro, em suas camadas modestas do interior. O poeta cordelista exprime com felicidade aquilo que seus companheiros de vida e de classe econômica sentem realmente. A espontaneidade e graça dessas criações fazem com que o leitor urbano, mais sofisticado, lhes dedique interesse, despertando ainda a pesquisa e análise de eruditos universitários. É esta, pois, uma poesia de confraternização social que alcança uma grande área de sensibilidade".
A literatura de cordel apresenta vários aspectos interessantes e dignos de destaque:
Funcionam como divulgadora da arte do cotidiano, das tradições
populares e dos autores locais;
Ajudam na disseminação de hábitos de leitura e lutam contra o
analfabetismo;
Elevam a literatura de cordel ao estandarte de obras de teor didático e
educativo.
Com o advento das redes sociais na Internet, muitos cordéis são apenas escritos e divulgados na internet sem impressão de folhetos, tirando assim sua principal característica.
Os textos considerados romances na literatura de cordel possuem alguns traços em comum quanto à sua narrativa. Os recursos narrativos mais utilizados nesses cordéis são as descrições dos personagens em cena e os monólogos com queixas, súplicas, rogos e preces por parte do protagonista.
São histórias que têm como ponto central um problema a ser resolvido através de inteligência e astúcia para atingir um objetivo.
O herói sofrerá, vivendo em desgraça e martírio, sempre fiel ao seu amor ou às suas convicções, mesmo com as intempéries. Esse é um lado claramente derivado das cantigas dos trovadores medievais. É comum que a história envolva jovens que enfrentam problemas na escolha de seus companheiros, em relações familiares extremamente hierarquizadas. Objeção, proibição do namoro, noivados arranjados são algumas das dificuldades que impedem o jovem casal apaixonado de ficar junto ao longo do romance.
Ao fim de tudo, o herói será exaltado e os opositores humilhados. Se assim não for, haverá outro meio de equilibrar a situação, que durante quase toda a narrativa permaneceu desfavorável ao protagonista.
O Dicionário Brasileiro de Literatura de Cordel é um Importante veículo de divulgação da linguagem dos cantadores e de sua maneira de se expressar. A literatura de cordel há tempos necessitava de uma obra de referência capaz de registrar em detalhes, mas de forma objetiva, os aspectos que estruturam o gênero.
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