Monteiro Lobato e a união do folclore com a fantasia

 



Monteiro Lobato, a despeito de toda a discussão sobre o racismo, é inegável a sua contribuição para a fantasia nacional. Lembro de que não perdia um episódio do Sítio do pica-pau amarelo. Ao chegar da escola, eu sentava perto da minha mãe e ligava a TV. A partir daí eu entrava no mundo maravilhoso e fantástico daquele sítio que parecia acolher todos os mistérios do universo. Foi, posso dizer, o meu primeiro contato com o folclore brasileiro. Personagens como o Saci, a Cuca, a Iara ganhavam forma e história. Havia também o Príncipe Escamado e o reino das Águas Claras, que mostrava os mistérios que os rios escondiam. Além disso, a voz de Dona Benta, quando lia qualquer livro, parecia ter o mesmo poder do protagonista de Coração de Tinta, pois as histórias se tornavam reais e os personagens começavam a surgir no Sítio. Podiam ser príncipes e princesas, piratas, anjos e até o Minotauro. Isso tudo e ainda não citei Emília, a boneca que ganhou vida e o Visconde de Sabugosa, uma espiga de milho que se torna um sábio. Então, como falar de Monteiro Lobato e não citar a sua fantasia?

Para quem não sabe, as obras de Monteiro Lobato foram consideradas indevidas para as crianças na época em que foram lançadas. As críticas da Igreja e do Estado levaram a uma recomendação de colocá-lo longe das crianças por suas ideias nietzschianas e por seu enfrentamento de dogmatismos morais e acadêmicos. Mesmo assim, as crianças já haviam escolhido o autor como interlocutor de seu mundo fantasioso, criando no imaginário popular, tanto dos adultos, como das crianças, uma forma de identificação cotidiana. Ao longo dos anos, Monteiro Lobato foi construindo uma coleção de publicações de livros infantis e adultos. Muitos deles, depois, foram incluídos em um conjunto que é, até hoje, a obra mais conhecida do autor: o Sítio do Pica-Pau Amarelo.

Mas o que mais chama a atenção em sua obra é a interação entre folclore e fantasia. Através dos mitos e lendas produzidos pelo imaginário popular brasileiro, Monteiro Lobato conseguiu aproximar esse mundo de seus leitores. O folclore, que era um assunto pouco estudado começou a ganhar relevância na obra do autor, além de outros temas, como os contos de fada e a mitologia. Ou seja, além da própria ficção por si só, Monteiro Lobato se utilizou de histórias fantasiosas já existentes na cultura brasileira para compor seus contos. O objetivo do escritor parecia estar focado em usar o folclore brasileiro e as lendas populares como inspiração na criação dos personagens, com o intuito de criar no público uma identificação com o fantástico. Ao colocar em suas histórias contos já popularmente conhecidos, haveria uma possibilidade maior dos leitores se envolverem na leitura.

Durante muito tempo, em minha mente infantil, eu associei Monteiro Lobato a Walt Disney em matéria de criador de sonhos. Para mim, o Sítio era um lugar real e tão maravilhoso como deveria ser a Disneylândia. Eu sei que muitas pessoas deram seus primeiros passos na fantasia através da obra de Monteiro Lobato, mas vejo pouco se falar sobre a contribuição do autor pelo gênero. Vou deixar aqui como indicação um Box com 5 livros do autor, para quem quiser entrar nesse universo fantástico tão nosso! O link de compra está anexado à imagem.




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